(bolo fudge de chocolate da Nigella, versão Faby)
Quando recebi o livro Nigella Bites, as receitas preferidas da chef inglesa, em uma rápida folheada já notei a diferença dele em relação ao Nigella Express, com bem a irmã já comentou aqui. Apesar das receitas serem quase todas muito práticas (que é a real pegada da Nigella) como no Express, neste livro dá pra sentir bem o tipo de cozinha da chef inglesa – é comida de casa, sem muita pompa e circunstância, algumas vezes até rústicas (e rústica é bom, eu adoro) mas também é comida com muita, muita sustância. Algumas receitas até assustam um pouco no quesito caloria – a exigência de creme de leite mais gordo possível me causa um certo arrepio, de verdade, mas… deixando o politicamente correto de lado, todo mundo também já está careca de saber que tudo que é gostoso é ilegal, imoral ou engorda, certo? Portanto, não há novidade em afirmar que uma comida “gorda” tem lá o seu valor, nem que seja no aspecto comfort food, do qual a queridona também é fã e que, sejamos francos, uma vez ou outra também não mata ninguém, vai.
De modos que talvez a comida do Nigella Bites não seja uma comida “para todo dia”, mas o livro da inglesa continua sendo um bom celeiro de ideias, com pratos que podem facilmente ser adaptados para um paladar digamos… mais “sensível”. Como todo livro de receitas, neste também muitas substituições são possíveis (e onde não são né?) – um prato que me despertou curiosidade, o enroladinho de beringela com um trigo que eu nunca ouvi falar, já está na minha lista com uma alteração para trigo em grão. Aliás, o próprio livro convida a esse exercício, deixando inclusive páginas para anotações pessoais, o que eu acho bem bacana.
No mais, Nigella continua mais Nigella do que nunca – muito sexy e com “carinha de quem tá gostando demais”, continua cozinhando de robe (ah tá), enfim… como bem disse a irmã, “coisas de Nigella, né gente?”. Apesar dessa pegada, que para mim soa forçada, isso não desmerece a cozinha ligeira e simples da qual Nigella é adepta – porque afinal, isso talvez a torne um pouco o inverso da ideia que temos de chef e, talvez por isso mesmo, ela fique mais próxima da nossa cozinha, a real.
Para ilustrar meu post, escolhi o Bolo Fudge de Chocolate, cuja receita a irmã também reproduziu e já publicou aqui na íntegra, e sobre ele minhas considerações são…
:: no lugar do tal “açucar dourado” e, sem saber patavinas do que isso se tratava, usei açucar cristal;
:: eu não fiquei afins de fazer creme azedo, então tudo que fiz foi usar iogurte com um pouquinho de suco de limão no lugar;
:: deixei para acrescentar o fermento e o bicarbonato só no final e não junto com os secos, como manda a receita – mas isso é neura minha, que não acho “certo” bater o fermento… coisas de Faby, relevem;
:: eu acho aquela paradinha de papel manteiga meio chata, então usei forma comum, untada e enfarinhada, embora confesse que tenha tido uma certa dificuldade para desenformar.
Enfim, para o meu paladar o bolo é doce demais, mas isso basicamente por causa do recheio e cobertura com o bendito glacê, muito semelhante aqueles de bolo de padaria, manja? que leva inacreditáveis 275gr de açucar de confeiteiro e 250gr de manteiga (!!!). Ah! Eu também não consegui a textura do glacê da foto da fatia de bolo cortada, lisinho e durinho – o meu ficou no ponto certo de glacê, mas nada parecido com o resultado da foto do livro mas, para quem curte um açucar, provavelmente não menos gostoso.
Aqui, o glacê e eu, num momento assim … Nigella :)
*post originalmente publicado no blog Rainhas do Lar