Vamos lá, antes de começar o post da paella vocês vão me prometer não entrar numas, ok? Digo isso porque toda vez que a gente posta uma receita típica ou muito tradicional, sempre aparece aquela turma “do contra”, manja? Que o original isso, que o clássico aquilo … e em pouco tempo lá estou eu, arrependidaça e com vontade de deletar o mundo.
Oras, quem frequenta esse blog já deve ter uma coisa em mente – esse blog não é de gastronomia, não é uma bíblia culinária e não é escola pra nada. Aqui, fica registrado o que rola na minha cozinha, lá na minha casa, no lugar onde reina o que EU quero e COMO eu quero, e não em um restaurante que precisa se ater a métodos, ingredientes e tudo mais. Logo, é de se esperar que apareçam por aqui minhas próprias interpretações de receitas clássicas, tradicionais – sim, porque eu não acredito em versões absolutas (okey, vá lá…talvez só da feijoada) e sim em olhares diferentes, em cozinha de improviso, de momento, de adaptações – muitas aliás jamais aceitas por grandes cozinheiros ou por aqueles que se dizem (ou se julgam) detentores da sabedoria suprema.
Uma vez lá no Rainhas, coloquei uma receita ou uma foto, não me lembro, de um almoço temático que uma amiga fez. O tema era comida baiana, feita por uma paulista e com toda licença poética e prática que isso representa. Resultado – muita gente dizendo que estava errado, que não era assim, que isso e que aquilo. Mas gente! Se a comida é tua, você tem o direito de fazer como quiser, de chamar como quiser!
Aconteceu inúmeras outras vezes, com gente pitacando no meu carbonara, no nome do pudim da Katita… enfim, sempre vai ter alguém achando que aquilo não está correto ou que existe uma maneira mais “certa” de fazer… mas né, vamos tentar sempre entender que em um blog – ou pelo menos em um blog que não se pretende escola de nada – você vai encontrar apenas e tão somente o jeito do outro – esteja ele certo ou errado. Ponto. Se você precisar de receitas originais, técnicas corretas ou mesmo se for uma parada acadêmica, com toda a necessidade que isso representa, vale a pena consultar fontes específicas.
Bom, falei mais do que a mulher da cobra, eu sei… mas as vezes é bom a gente bater esse papinho, alinhar expectativas, trocar figurinhas… afinal, nós estamos aqui é pra isso mesmo, não é? E para quem está chegando por aqui agora, já é bom saber o que esperar: a cozinha da Faby – às vezes errada, muitas vezes louca e quase nunca perfeita, mas sempre feita com a melhor das intenções ;)
Então, sem mais lenga-lenga, aqui vai a minha receita de paella de frutos do mar, que ó… é boa a beça :)
Para começar, você deve usar uma paelleira, ou seja, uma panela como essa aí da foto, própria para fazer paella. Mas daí a comadre vai me dizer “mas, Faby, eu não tenho esse diabo dessa paelleira, então não posso fazer paella?”. Então, minha gente, a minha resposta é: não sei. Rá! Verdade! Eu nunca vi uma paella feita em outra coisa que não fosse essa panela própria, então não saberia dizer como substituí-la. Qual a diferença dessa panela? Basicamente ela tem uma superfície grande e não é alta nas laterais, ou seja, é uma panela que lembra bastante uma frigideira, só que maior. Sendo assim, até arriscaria dizer que, se você tem uma frigideira bem grande (como uma minha que é enorme), talvez consiga fazer paella nela, mas certeza, certeza mesmo… eu não tenho não. De modos que, se alguém aí tiver alguma dica, estamos prontos para ouví-la, ok?
Bom, paelleira (já vi grafado como paellera também) em mãos, aqueça nela 5 colheres (sopa) de azeite e doure 1 cebola picada e uns 3 dentes de alho picadinho, junte 1 xícara de pimentões picados (usei basicamente amarelo e um pouco do vermelho – evite o verde, ok?) e uns 4 tomates sem pele e sem semente picadinhos e deixe que tudo dê uma ligeira cozinhada. Nesse momento junte umas 200gr de ervilha fresca (eu esqueci e tive que apelar para a latinha, que definitivamente não é a mesma coisa).
Agora, comece a juntar os frutos do mar – você vai precisar de 500gr de camarão sem casca, 200gr de vôngole, 200gr de mexilhão, 200gr de polvo limpo e cozido e 200gr de lula limpa em rodelas. Acrescente mais ou menos 1 copo de vinho branco seco e deixe evaporar um pouco. Complete com caldo de peixe (eu usei as cascas e cabeças do camarão para fazer um caldo delicioso) até quase a borda da panela e deixe ferver.
Quando começar a ferver, junte 2 xícaras de arroz, espalhado em toda a panela. Sobre o arroz: a receita original é feita com arroz Bomba, nem sempre fácil de encontrar, então eu sempre vou de agulhinha mesmo.
Nesse momento, acerte o sal e coloque o açafrão – eu usei os pistilos, mas se você quiser usar a versão em pó deve dar mais ou menos umas 2 colheres de sopa.
Cozinhe por mais ou menos 20 minutos, acrescentando mais caldo se for necessário durante esse período. Decore com tiras de pimentão vermelho e frutos do mar – camarões e mexilhões com casca por exemplo (eu não tinha camarões enorrrrrrrrrrrmes pra decorar, ó que chato?) e salsinha picada.
Esse é aquele tipo de prato para servir assim que fica pronto – pá-pum, sabe? Então, fazer paella é legal para envolver a família, os convidados… faça um bom mise en place, abra um vinho e deixe todo mundo em volta da panela, esperando o momento de saborear essa delícia.
Ah! Eu gosto de paella com azeite do bom (vale a pena investir em um especial para a ocasião), regado no prato … e gosto da raspinha que fica no fundo da paelleira, quando forma aquela crostinha, sabe? Afff, tinha alguma chance de uma maníaca por arroz como eu não curtir um prato desse? Ainda mais com frutos do mar, que também são minha paixão?
Paella é coisa de Deus, minha, gente! E que Ele abençõe os espanhóis, que inventaram essa maravilha!