A gente sempre ouve aquela frase “você é o que você come” e, de fato, ela faz todo sentido porque afinal, o que somos é o resultado das nossas escolhas – na alimentação e na vida.
Mas, e quando quem escolhe é apenas uma criança? E os adultos, teriam discernimento suficiente para saber o que é bom ou ruim? Essas são apenas algumas das importantíssimas questões levantadas neste documentário.
Hoje em dia, um terço das crianças brasileiras está acima do peso. Esta é a primeira geração a apresentar doenças antes restritas aos adultos, como depressão, diabetes e problemas cardiovasculares. Este documentário estuda o caso da obesidade infantil principalmente no território nacional, mas também nos outros países no mundo, entrevistando pais, representantes das escolas, membros do governo e responsáveis pela publicidade de alimentos.
Bom, se você me acompanha aqui no blog, já deve saber que se tem uma coisa que não sou é xiita. Sim, eu acredito que qualquer extremo é perigoso, ainda que ele seja supostamente para o bem e, por isso, não levanto bandeira nenhuma sobre alimentação saudável, boicote a produtos industrializados e toda sorte de campanhas demagogas e ingênuas que vemos pela internet ultimamente.
Só que acredito naquela frase lá do começo do post e justamente por isso me assustou bastante a questão das crianças levantada pelo documentário. O que os pais tem dado para seus filhos? Que tipo de escolhas essas crianças farão quando adultas se já na infância só foram apresentadas ao que existe de mais trash no mundo? COMO PODE uma criança não conhecer um pimentão, uma abobrinha? Se somos o que comemos, que adultos essas crianças serão?
Triste. Foi assim que me senti ao final do vídeo. Triste por lembrar (com uma certa melancolia até) da infância que tive e de todos os fatores que fizeram essa infância saudável e que hoje praticamente não existem mais. Olhando pra trás, é possível até agradecer a falta de escolhas que foi minha infância – criança na minha época não escolhia NADA e, quem diria, isso é MUITO bom. E digo que é muito bom porque foi esse tipo de situação que me transformou em quem sou – uma pessoa que RESPEITA a comida.
Tenho meus momentos junk food sim, e provavelmente os terei a vida toda, mas felizmente não fiz disso meu estilo de vida. Cedo a tentação de uma coca-cola geladinha? Cedo. Caio de boca num Big Mac de vez em quando? Caio. Mas em toda a minha vida as escolhas têm sido boas. Ainda que eu ceda à uma tentação aqui e acolá (e eu acredito na importância de PODER ceder a elas vez ou outra) dá pra dizer que se sou o que como, eu tô muito bem, obrigada.
Já as crianças do documentário… :((((
Perca (ou ganhe, depende do ponto de vista) um tempinho e assista. Se você é mãe ou pai, aí já vira obrigatório.
Não sejamos hipócritas e nem tenhamos objetivos inalcançáveis. Ninguém precisa sair às ruas pedindo morte ao palhaço da lanchonete. Sejamos apenas inteligentes em nossas escolhas e, principalmente, naquilo que escolhemos para quem amamos. Quem ama, cuida.
Muito Além do Peso (Way Beyond Weight, 2012)
Obesidade, a maior epidemia infantil da história.
Ficha Técnica:
Direção: Estela Renner
Produção Executiva: Marcos Nisti
Direção de Produção: Juliana Borges
Fotografia: Renata Ursaia
Montagem: Jordana Berg
Trilha Sonora: Luiz Macedo
9 Comentários
Marilia
14 de fevereiro de 2013 at 14:12Infelizmente vivemos em uma época onde os pais preferem o comodo e jogar a culpa em terceiros, fazer a comida para os filhos “da trabalho” e fazer perder o tão precioso tempo na frente do computador do que na frente de um fogão, não tenho filhos mais tenho vários sobrinhos e é um prazer cozinhar com eles/ para eles, sempre esculto que não gosto disso ou aquilo, mais no fim eles nunca provaram e tem muitas comidas que quando feitas em casa da para esconder legumes e frutas, fora tantas receitas que da para congelar.
Dai
14 de fevereiro de 2013 at 15:22Eu acho simplista dizer “sou o que como” colocando a escolha como uma coisa totalmente racional e consciente. Está na cara que a escolha não é consciente, nem para os pais, nem para os filhos.
Porém, concordo com você nos pontos de que todo extremismo é burro (ou simplista) e que os pais devem tomar muito-muito-muito cuidado com a alimentação da criançada.
Agora, acho que o que está por tras do video não é a obsidade infantil, mas como a sociedade está caminhando para uma sociedade burra, manipulável, e altamente consumista. E isso só reflete no peso das crianças. E por isso o filme chama muito além do peso.
Também, temos que ser extremamente cuidadosos para não cair na gordofobia. (esse comentário é genérico, não estou dizendo que você foi gordofóbica)
Faby
14 de fevereiro de 2013 at 16:03Dai, de fato as escolhas podem ser sim inconscientes em alguns casos (a psicanálise inclusive é um caminho para entender melhor esse tipo de escolha), mas eu penso nisso como exceção, e não como regra, entende? Sei que existem pessoas que não tomam decisões de maneira racional e consciente, mas acredito que nestes casos já estamos falando de algo patológico. Acredito no “somos o que comemos” porque, na grande maioria das vezes, é a nossa consciência que nos guia em nossa escolhas. Exceções devem ser tratadas como tal (pelo menos, no meu ponto de vista, claro). Não creio de maneira nenhuma que esses pais não estão conscientes do que tem escolhido para os filhos. Acredito inclusive na negação, mas aí já é uma outra (longa) estória… rs.
Sobre a gordofobia, foi ótimo o seu parêntesis… felizmente não sofro desse mal e acho que isso sempre esteve bastante claro por aqui, mas temos sim que ser cuidadosos nessa questão. Como eu disse, o problema são os extremos.
Bjo!
kati monteiro
14 de fevereiro de 2013 at 19:34Faby,
excelente reportagem. Obrigada por compartilhar conosco. Espero que esta consciência sobre o que comemos seja resgatada. Mas este desejo de conhecer melhor o que comemos raramente nasce sozinho. A informação é a melhor maneira de mudar a mente das pessoas, seja dando a informação, despertando o interesse, ou pelo menos dando uma cutucada!
Vou fazer a minha parte, repassando para algumas pessoas que eu acho que precisam acordar para esta causa.
Beijos
Carol Dallape
15 de fevereiro de 2013 at 10:46Faby,
achei SENSACIONAL esse documentário, compartilhei no face e pretendo depois postar no blog… Como estudante de gastronomia, futura mãe de uma menina que chega no mês que vem, mulher paulistana que vive com a agenda e horários cheios, sei como é dificil se planejar e cumprir com hábitos mais saudáveis, mas já coloquei como metas pessoais para com a minha filha que a educação alimentar, o respeito e a consciência do que comemos será muito forte! Desde sempre bati o pé, que na hora de comer a TV fica desligada e fiquei chocada até com a reação das pessoas de simplesmente ter preguiça até de assistir o documentário, para não se conscientizar…
É triste, mas que cada um possa ter a sua consciência e faça melhores escolhas, pelo menos para aqueles que amam.
Adorei o link, muito obrigada por ter dividido e assim acrescentar muito na minha vida e da Lara que ainda está por vir.
Beijo grande, Adoro você
Dri
15 de fevereiro de 2013 at 11:51Bom te ver na ativa (aqui) de novo… sou da época do Rainhas.
Pois é, alimentação é realmente escolha. Porque comer bem dá trabalho e exige dedicação. Acho mais, exige determinação.
É infinitamente mais prático comer “qualquer coisa pronta”. Tenho um filho de 6 anos que sai da escola e vai para casa JANTAR, enquanto muitos colegas cantam aos 4 ventos que estão indo ao Hbbs, ao Mc, isso varios dias da semana…
Eliene
19 de fevereiro de 2013 at 15:28Olá! Sou professora de português e companho seu blog sempre que possível.Não concordo com o que vejo meus alunos comem diariamente chamando de “comida”. Grata pela postagem do vídeo. Graças a você, vou usá-lo em sala de aula para trocar ideias com eles.
Eliene
19 de fevereiro de 2013 at 15:29“acompanho”
André
17 de março de 2013 at 23:29Obrigado por postar o vídeo. Adiei meu sono em uma hora, mas valeu muito esse investimento.